quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Rugby: Nasce uma nova paixão nacional

Rugby: Nasce uma nova paixão nacional


Resumo:
O presente artigo apresenta a evolução do rugby traçando um paralelo com a cultura brasileira e o seu potencial de crescimento com a utilização de marketing estratégico.

Palavras-Chave:
Rugby, surgimento, evolução, chegada ao Brasil, Confederação Brasileira, Olímpiadas de 2016, crescimento do esporte. Oportunidade de desenvolvimento por meio de marketing estratégico.

Abstract:
This article presents the evolution of rugby drawing a parallel with the Brazilian culture and its growth potential with the use of strategic marketing.

Keywords:
Rugby, emergence, evolution, arrived in Brazil, the Brazilian Confederation, Olympics Games of 2016, growth of the sport. Development opportunities through strategic marketing.

Resumen:
Este trabajo presenta la evolución del rugby haciendo un paralelo con la cultura brasileña y su potencial de crecimiento con el uso de marketing estratégico.

Palabras clave:
Rugby, el surgimiento, evolución, llegada en Brasil, la Confederación Brasileña, Juegos Olímpicos de 2016, el crecimiento de este deporte. Oportunidades de desarrollo a través del marketing estratégico.





















O Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol. Entretanto, o povo brasileiro é também apaixonado por outros esportes como o automobilismo (especialmente a fórmula 1), o voleibol e o basquetebol.

Por se tratar de um país de dimensões continentais centenas de outros esportes são praticados no país e alguns possuem  imenso potencial para se tornar uma paixão nacional.

Dentre estes potenciais esportes apaixonantes um tem despertado uma atenção especial. Trata-se do rugby, pois é um esporte coletivo, corrido, de contato, com uso dos pés e conta, ainda com gols.

Historicamente, o rugby surgiu de uma dissidência do futebol uma vez que várias formas de jogo com bola já existiam pela Europa no século XIX, e que tanto o Rugby Football (o rugby atual que atualmente é controlado pela IRB) quanto o Football Association (o futebol atual que agora é controlado pela FIFA) tiveram caminhos correlatos, sendo, portanto, dissidências de uma mesma forma de jogo.

A fundação da Football Association deu-se em 26 de outubro de 1863 com 21 clubes unificando as regras das principais vertentes do futebol da Inglaterra como as de Cambridge, as de Sheffield e as de Rugby, durante quase uma década o futebol e o rugby foram o mesmo esporte.

O rugby surgiu devido a um desentendimento do clube de futebol Blackheath (um dos fundadores da FA) sobre a retirada de 2 regras do futebol pela Football Association (uma era sobre carregar a bola com as mãos, a outra sobre os tackles).

Em razão da discordância com as alterações, em 26 de janeiro de 1871 durante  reunião em um restaurante em Londres com representantes de 21 “teams” da Inglaterra foi fundada a Rugby Football Union, a primeira entidade controladora do esporte no mundo. Algernon Rutter foi eleito o primeiro presidente da RFU e as primeiras leis do esporte foram oficializadas em junho de 1871.

Como destaca Fábio Fanzini:

“Esse processo, porém, não foi nada natural, muito menos simples. A principal questão a permear tal regulamentação dizia respeito justamenta à própria boa: o que fazer com ela? Em algumas escolas, como a Rugby School, os jogadores carregavam-na com as mãos, rumo à meta adversária; em outras como em Eton, eram os pés que deviam controlá-la, fazendo do dribbling sua habilidade máxima. Dessas duas maneiras distintas de lidar como elemento central do jogo nasceram, primeiro, o rugby, em 1846, ano em que a instituição de mesmo nome estabeleceu seu conjunto de regras, mais tarde consagrado com a criação da Rugby Football Union, 1871; depois, em 1863, o association ffotball, fruto de um acordo entre doze clubes, que passaram, a partir de então, a se submeter a regras comuns e a uma entidade dirigente maior, a Football Association (FA).”[1]

Atualmente, o rugby é controlado pela International Rugby Board que, segundo Andreu Camps:

“Estas associaciones internacionales permiten grantizar la unifirmidad, ya que son associaciones deportivas privadas con competencia internacional, que dirigen el deporte a nivel mundial y que aseguran la responsabilidad de su organización y de su gestión.”[2]

Há algumas variações de rugby. A versão mais tradicional é o "15-a-side", ou simplesmente "Rugby 15". O número faz referência à quantidade de jogadores em cada equipe. As outras modalidades como o "Rugby 7", "Tag" e o "Beach Rugby" vêm crescendo rapidamente nos últimos anos.

As partidas possuem duas partes de quarenta minutos contínuos, o relógio corre ininterruptamente e somente é pausado quando algum jogador da 1ª linha necessita de cuidados médicos. O objetivo do jogo é marcar o maior número de pontos.

Para tanto, é permitido correr com a bola, chutar ou passá-la, porém, nunca para a frente. Por ser um esporte de contato é permitido “tacklear” a bola, ou seja, derrubar o jogador que está com a bola a fim de obtê-la.

Para avançar com a bola sem poder lançá-la para frente é permitido chutá-la para frente, mas se algum jogador da equipe quiser agarrá-la é preciso estar atrás do jogador que a chutou.

Talvez este seja um dos maiores desafios do rugby e sem dúvida o que mais atrai seus praticantes. É preciso muito trabalho em equipe para conseguir levar a bola para frente em direção ao gol dos adversários. Criar e utilizar bem o espaço é fundamental.

As partidas recebem a seguinte pontuação:

·         Ensaio ou Try (5 pontos) - Ocorre quando um jogador consegue apoiar a bola com uma das mãos no chão (toque-no-solo) dentro da "área de validação" adversária, que corresponde a área após a linha dos postes (como a linha de fundo no futebol).

·         Conversão (2 pontos) – Sempre que se conquista o ensaio (“try”), a equipe marcadora tem a possibilidade de chutar em direção aos postes do ponto paralelo dentro do campo de jogo àquele em que a bola foi apoiada na "área de validação", tentando fazer com que a bola passe por cima da trave e entre os postes da equipe adversária.

·         Pontapé de ressalto ou Drop goal (3 pontos) - Durante a partida, um jogador pode efetuar um chute com o objetivo de fazer a bola passar por cima da trave e entre os postes da equipe adversária. (algo como o gol no futebol .O jogador obrigatoriamente deve fazer a bola tocar no chão e no retorno fazer um chute imediato).

·         Pontapé de Penalidade ou Penalty Goal (3 pontos) - Ao sofrer uma falta a equipe pode optar por tentar realizar um chute aos postes no local onde ocorreu a infração.

A Copa do Mundo de Rugby é o principal evento entre seleções deste esporte e é disputada a cada quatro anos desde 1987.  Trata-se do terceiro evento desportivo mais visto no planeta (atrás apenas da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos).

O rugby chegou ao Brasil no século retrasado, e segundo o historiador Paulo Várzea, Charles Miller teria organizado em 1895 o primeiro time de rugby brasileiro, em São Paulo; e o primeiro clube a praticar o esporte, o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, teria sido fundado em 1891.

No livro de Tomás Mazzoni, “História do Futebol no Brasil” (Edições Leia, 1950) encontra-se a afirmação de que o rugby foi introduzido no Brasil ainda no século XIX:

“O historiador Paulo Varzea afirma que o primeiro clube de esportes (terrestre e ao ar livre) fundado em 1875 pelos Srs. H.L. Wheatley, A. MacMillan, C.D. Simmons, Amaral, Robinson e Cox (…), recebendo posteriormente a denominação de Paissandu Atlético Clube. Foi esse o primeiro clube organizado no Brasil, mas a tentativa para a prática do futebol entre seus sócios durou pouco, contando-se mesmo o fato seguinte: familiarizado com o futebol, Oscar Cox mandou buscar em Londres uma bola redonda, por volta de 1896, mas teve que, por impropriedade do terreno para o ‘soccer’, aproveitá-la nos exercícios de ‘rugby’ do clube”.

Mazzoni também cita:

“Além de futebolista, Charles Miller foi ‘cricketer’ famoso, consagrado tenista e temível ‘rugby player’. Em 1888 organizara o primeiro time de rugby em São Paulo o São Paulo Atlético Club famoso como SPAC.”

O Rugby começou a ser jogado regularmente no Brasil em 1925, no Campo dos Ingleses, pertencente ao São Paulo Athletic Club, em Pirituba, São Paulo.

Em 6 de outubro de 1963, foi fundada, com sede em São Paulo, a União de Rugby do Brasil, com a finalidade de organizar e dirigir o rugby brasileiro.

Em 20 de Dezembro de 1972, foi fundada a Associação Brasileira de Rugby, em substituição à União de Rugby do Brasil
. A nova entidade foi reconhecida pelo Conselho Nacional do Desporto.

“Além de ter sido a primeira Lei Orgânica acerca do esporte, tida por muitos como marco Oficial do Direito Desportivo, o decreto de 1941 criou o Conselho Nacional de Desportos (CND) para cuidar do desenvolvimento do desporto no Brasil (cada federação poderia se organizar, desde que respeitasse as regras internacionais de sua modalidade”.[3]

No início de 2010, a Associação Brasileira de Rugby mudou seu nome para Confederação Brasileira de Rugby a fim de se adequar a estrutura administrativa esportiva do Brasil prevista na Lei Pelé e viabilizar o apoio por parte do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
A Confederação Brasileira de Rugby, nos termos do Inciso I do Art. 217 da Constituição Federal, goza de autonomia administrativa quanto à sua organização e funcionamento.
Ademais, a Confederação Brasileira de Rugby, nos termos do art. 1° parágrafo 1° da Lei 9.615 de 24 de março de 1998 (Lei 9.615/98), por previsão estatutária, reconhece que o desporto brasileiro, no âmbito das práticas formais do esporte, é regulado por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva das modalidades de Rugby.

De certo, o grande divisor de águas na história do rubgy brasileiro foi o fato de em 2009, o esporte (na versão Sevens) ter sido incluído no programa a partir dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

Com a vaga olímpica garantida por sermos anfitriões, com o repasse de verbas do COB e melhores patrocínios, o rugby tem passado por imensa evolução sendo que, este ano, o Sportv transmitiu ao vivo partidas da Liga Nacional.

O rugby é hoje o segundo maior esporte em número de praticantes no mundo e a modalidade Seven é justamente a que o Brasil possui mais potencial e melhores resultados. O rugby tem crescido bastante no Brasil e segundo dados da International Rugby Board o país conta com 230 clubes e 10.130 atletas registrados. Portanto, após o início como um esporte para “universitários” hoje atinge praticamente todo o país.

O caminho para popularizar o rugby é longo, porém, primeiro grande passo, já foi dado, pois sediar o primeiro torneio olímpico traz imensa responsabilidade e uma oportunidade única para a implantação para desenvolver definitivamente o esporte, pois, conforme destacam Alain Ferrand, Andreu Camps e Luiggino Torrigiani na obra “La Gestión del Sponsoring Deportivo”:

“Aí, El marketing estratégico es uma relación directa com la estratégia de la organización. Permite a la organización analizar la evolución del mercado de referencia, analizar el atractivo de los seguimentos atuales o potenciales em función de sus recursos y competências a fin de definir uma estratégia de desarrollo. El marketing operativo representa ‘um enfoque activo de conquista de los mercados existentes. Su horizonte de acciín se situa a corto y médio plazo. Constiuye el enfoque central clásico orientado a la realización de um objetivo de cifra de negócio y se basa em los médios tácticos que se derivan de las políticas de producto, distribuición, precio y comunicación’ (Lambin, 2002)”




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BRASIL. Lei n. 9.615, de 24 de março de 1998. In: TÁVOLA, Artur da. Lei Pelé: das proposições à Lei n. 9.615. Brasília: Senado Federal, 1998.
- BURRIEL I Paloma, Joan Carles.Landaberea, Juan Ant, (Aut.), manual de la organización institucional del deporte. Editorial Paidotribo, S.L. 1ª ed., 2ª imp.(10/1999)
- CAMPS, Andreu, Alain Ferrand e Luiggino Torrigiani. La Gestión del Sponsoring Deportivo. Barcelona: Editorial Paidotribo, 2007.
- CARRETERO LESTÓN, J.L (Dir.): El nuevo Derecho deportivo disciplinario. Murcia:  Ed. Laborum, 2009.
- COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, http://www.cob.org.br/home/home.asp , acessado em 15 de dezembro de 2011.
- COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL, http://www.olympic.org/  , acessado em 16 de dezembro de 2011.
- CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE RUGBY, http://www.brasilrugby.com.br/ , acesso em 20 de dezembro de 2011.
- DEL PRIORE, Mary e Victor Andrade de Melo: História do esporte no Brasil: do império aos dias atuais, São Paulo: Ed. UNIESP, 2010.
- INTERNATIONAL RUGBY BOARD, http://www.irb.com/ , acesso em 18 de dezembro de 2011.
- MAZZONI, Tomaz, história do futebol no Brasil - Tomas Mazzoni - 1894/1950
- UOL, http://esporte.hsw.uol.com.br/rugby.htm , acesso em 19 de dezembro de 2011.
- SOUZA, Gustavo Lopes Pires de. Estatuto do torcedor: a evolução dos direitos do consumidor do esporte (Lei 10671-2003). Belo Horizonte: Alfstudio Produções, 2009.



[1] DEL PRIORE, Mary e Victor Andrade de Melo: História do esporte no Brasil: do império aos dias atuais, São Paulo: Ed. UNIESP, 2010. – p. 108.
[2] - Burriel I Paloma, Joan Carles.Landaberea, Juan Ant, (Aut.), MANUAL DE LA ORGANIZACIÓN INSTITUCIONAL DEL DEPORTE. Editorial Paidotribo, S.L. 1ª ed., 2ª imp.(10/1999)  - p. 167.

[3] SOUZA, Gustavo Lopes Pires de. Estatuto do torcedor: a evolução dos direitos do consumidor do esporte (Lei 10671-2003). Belo Horizonte: Alfstudio Produções, 2009. P. 61.

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