quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Gari é morto a tiros em BH após discussão no trânsito; Justiça mantém prisão e detalhes da audiência chamam atenção

 

Gari é morto a tiros em BH após discussão no trânsito; Justiça mantém prisão e detalhes da audiência chamam atenção

Por Gustavo Lopes Pires de Souza

Belo Horizonte foi sacudida nesta semana por um crime brutal, cometido à luz do dia e motivado por um desentendimento banal no trânsito. Na manhã de terça-feira (12), no bairro Vista Alegre, um gari foi morto a tiros enquanto trabalhava, após uma breve retenção provocada pelo caminhão de coleta de lixo.

O suspeito, Rene da Silva Nogueira Junior, teria se irritado com a parada do veículo e, segundo testemunhas, ameaçado os trabalhadores antes de efetuar o disparo fatal. O gari chegou a ser socorrido para o Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.

A prisão ocorreu poucas horas depois. Policiais militares fizeram uma perseguição ininterrupta que combinou trabalho de campo e análise de imagens de câmeras de segurança. Com as iniciais da placa e a descrição física do autor, localizaram o veículo trafegando na Avenida Raja Gabaglia. O condutor, que batia com o perfil do atirador, foi abordado no estacionamento de uma academia.

Audiência de custódia

Na audiência realizada nesta quarta-feira (13), o juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno homologou a prisão em flagrante e a converteu em preventiva, citando “gravidade concreta do delito” e “risco real à ordem pública”. A decisão destacou que o crime foi cometido “por motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa da vítima” e que o acusado já responde a processo por lesão corporal grave em São Paulo, demonstrando “reiteração delitiva e personalidade violenta”.

A defesa pediu segredo de justiça, mas o magistrado negou, afirmando que a publicidade é regra constitucional e que não havia hipótese legal para restrição. Também determinou que o preso receba atendimento médico e seja protegido de fotografias dentro da unidade prisional.

Detalhes que marcaram o caso

  • Rotina após o crime: Mesmo após o homicídio, o suspeito foi encontrado indo à academia, comportamento que reforçou, para a Justiça, a frieza da ação.

  • Relação com a polícia: Rene é casado com uma delegada da Polícia Civil. Foi ela quem autorizou as buscas no carro e na residência, onde a pistola calibre .380 foi apreendida.

  • Execução deliberada: Testemunhas contaram que o carregador caiu antes do disparo. O acusado o recolocou, preparou a arma e só então atirou — afastando a tese de ato impensado.

  • Ameaça prévia: Minutos antes do tiro, teria dito à motorista do caminhão: “Se você esbarrar no meu carro, eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”.

  • Arma compatível: Munições calibre .380 encontradas no local coincidiam com o armamento apreendido em sua casa.

O crime, cometido contra um trabalhador no exercício de uma função essencial, reacendeu discussões sobre intolerância no trânsito, banalização da violência e o peso da impunidade na escalada de casos de agressão armada no país.

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