terça-feira, 29 de abril de 2025

Globo 60 anos: A história de um país que se conta na tela

 

Globo 60 anos: A história de um país que se conta na tela

No dia em que a Globo completou 60 anos, não celebramos apenas uma emissora de TV. Celebramos — e também debatemos — a história de um país. Porque falar da Globo é, gostemos ou não, falar da construção da identidade nacional brasileira. 🇧🇷📺

Desde sua primeira transmissão em 26 de abril de 1965, a Globo foi muito mais do que uma empresa de comunicação: ela ajudou a moldar hábitos, sonhos, valores e contradições de um Brasil em eterna formação. A TV Globo cresceu enquanto o Brasil urbanizava, deixava de ser rural, tentava se industrializar, tropeçava em golpes, redemocratizações e crises.

Fatos históricos: O Brasil sob as câmeras

A Globo foi o grande palco da vida brasileira. E esteve presente — para o bem e para o mal — em momentos decisivos:

  • 🔵 Ditadura Militar (1964-1985): A relação da Globo com o regime militar foi de apoio nos primeiros anos. Seu crescimento vertiginoso nos anos 70, com o projeto de satelitização e nacionalização da rede, teve o aval dos militares. Um erro histórico que, anos depois, a própria emissora reconheceu com autocrítica.

  • 🟠 Diretas Já (1984): Inicialmente, a Globo tratou as Diretas com frieza jornalística, cobrindo grandes manifestações como meros "comícios". Foi muito criticada por isso. Mas também é fato que, nos anos seguintes, virou um dos símbolos da redemocratização com coberturas históricas como a eleição de Tancredo Neves.

  • 🔴 Debate Collor x Lula (1989): Talvez o episódio mais polêmico de todos. A edição do debate entre Fernando Collor e Lula no Jornal Nacional, considerada por muitos como tendenciosa, é até hoje lembrada como um dos momentos mais delicados da história da TV brasileira. Um erro que também ensejou reflexões dentro da emissora.

  • 🟢 Impeachment de Dilma Rousseff (2016) e crises recentes: A Globo, novamente, teve protagonismo. Suas coberturas geraram aplausos e críticas, em um país cada vez mais polarizado.

Programas e artistas que marcaram o Brasil

Não há como contar a história cultural brasileira sem passar pela Globo:

  • "Jornal Nacional" (1969) - Primeiro telejornal nacional em rede, que se tornou o principal ritual informativo do país.

  • "Fantástico" (1973) - Misturando jornalismo e entretenimento, virou um laboratório audiovisual de criatividade.

  • "Globo Repórter", "Linha Direta", "Você Decide" - Programas que inovaram a forma de fazer TV.

  • Telenovelas como Irmãos Coragem (1970), Roque Santeiro (1985), Vale Tudo (1988), Avenida Brasil (2012) — que não só divertiram, mas também debateram ética, política e desigualdades sociais.

  • Minisséries como Anos Rebeldes (1992) — que ajudaram a revisitar a história da ditadura militar com emoção e consciência crítica.

E quantos talentos a Globo revelou ou consolidou:
Chico Anysio, Glória Pires, Tony Ramos, Fernanda Montenegro, Fausto Silva, Renato Aragão, Xuxa, Galvão Bueno, Renata Vasconcellos, William Bonner, entre tantos outros. 🎭✨

Erros, acertos e a força de um símbolo nacional

A Globo acertou ao investir em qualidade técnica, formar uma indústria audiovisual de primeiro mundo no Brasil, exportar nossas novelas, retratar nossos sotaques e culturas regionais (ainda que nem sempre tenha feito isso de forma perfeita).
Errou ao se alinhar demasiadamente a determinados governos, ao recontar certas histórias a partir de perspectivas limitadas, e ao demorar para se abrir mais à diversidade racial e regional.

Mas o maior legado da Globo talvez seja este:
Ter nos dado um espelho. Um espelho às vezes distorcido, às vezes doloroso, às vezes bonito — mas um espelho de nós mesmos.

Se hoje discutimos a Globo, criticamos, cobramos ou admiramos, é porque ela conseguiu o feito raríssimo de ser parte viva da alma brasileira.

60 anos depois, a Globo ainda é muito mais do que uma emissora: é uma construção coletiva da nossa memória nacional. E como toda memória viva, cheia de contradições, emoções e esperança.

Parabéns, Globo. E obrigado por ter contado — e ter nos feito contar — tantas vezes a nossa própria história. 

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