quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PELO AMOR DE DEUS!!!

Nos últimos dias a campanha eleitoral para a Presidência da República ganhou contornos religiosos. Debates irracionais sobre temas como aborto e homofobia passaram a monopolizar os debates em detrimento dos Programas de Governo.

Segundo informou a Lúcia Hipólito no Jornal da CBN desta quinta-feira teria havido uma reunião na qual os líderes evangélicos teriam realizado uma séria de exigências.

Os evangélicos estariam exigindo um comprometimento da candidata em ser contrária ao aborto, ao casamento de homossexuais e à criminalização da homofobia.

Em nome de um DEUS e fundamentando nos ensinamentos cristãos os religiosos pregam o preconceito, a marginalização e a intolerância.

Até onde eu sei, Jesus Cristo pregava o amor, a tolerância e o perdão. Impediu que uma prostituta fosse apedrejada, perdoou um traidor. Enfim, Jesus deveria ser sinônimo de amor, de união e não de marginalização.

Não podemos fechar os olhos para a existência de homossexuais, de pessoas que praticam o aborto e de prostitutas.

Será que Jesus e o DEUS tão idolatrado pelos religiosos é favorável ao preconceito? Será que Ele é a favor da infelicidade de seus “filhos”, obrigados a viver na marginalidade pelo fato do sistema jurídico não aceitar sua união com outra pessoa do mesmo sexo?

Jesus seria a favor da morte de mulheres em clínicas de aborto clandestinas? Do preconceito e de um final de vida miserável das prostitutas sem qualquer amparo estatal?

Creio que não...

Ainda que fosse, o Estado foi criado justamente para cuidar do povo. Para regulamentar as relações sociais. Como tapar os olhos à realidade.

Causa-me estranheza e até repulsa imaginar que em pleno século XXI ainda estejamos discutindo questões comezinhas como a liberdade de opção sexual, ainda mais em se tratando do Brasil, um país laico, onde questões como a legalização do aborto e a união civil de homossexuais devam ser debatidas pelo Congresso Nacional ou ser votadas em plebiscitos ou referendos.

A marginalização e a intolerância somente geram tristeza e conflitos.

Se existem uniões “informais” entre homossexuais, que o Estado regulamente a relação estabelecendo direitos e deveres, inclusive patrimoniais.

Se a prática do aborto é uma constante, que o Estado trate como questão de saúde pública.

Se existem homossexuais, que o Estado impeça que sejam tolhidos em seus direitos e garantias fundamentais em razão de sua opção sexual (até mesmo porque não são piores ou melhores que ninguém por isso).

Se existe prosituição, que o Estado regulamete como profissão, com direito à Previdência Social, para que não se tornem no futuro um problema social e traga custos aos contribuintes.

Enfim, todos são seres humanos e devem ser respeitados em sua individualidade. Não é justo que tenham seus direitos duramente afetados por uma leviana justificativa Divina. Desde a Idade Média, a ideia de intervenção divina está ultrapassada.

A fé, sem dúvidas, tem um papel importantissimo para a sociedade, mas o irracionalismo é abominável.

Pregar a intolerância e o preconceito contradizem a palavra de Jesus.

Em algum lugar li que a religião é o ópio do povo e como tal tem distorcido a visão da realidade.

Já que invocar a Divindade está na moda....

Pelo Amor de DEUS, vamos discutir Projetos e Programas de Governo, pois é disto que o país precisa.

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