sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O beabá do mercado do futebol


Fonte: "Futebol, coisa e tal" por Gilmar Ferreira. 

A abertura da janela de novos registros é sempre motivo de excitação e angústia para dirigentes, jogadores, empresários.

O frenesi em torno das operações de compra e venda de direitos federativos e econômicos é tanta que, em alguns casos, o período recomendado para o descanso acaba se tornando mais desgastante do que a própria temporada de jogos e viagens.

E os torcedores, é claro, não ficam longe deste estresse.

Pelo contrário, sonham e sofrem juntos, alimentando esperanças e acumulando frustrações.

Confundem boatos com negociações frustradas e alimentam sonhos impossíveis, cobrando austeridade dos dirigentes com a mesma veemência usada no clamor por um reforço de bom nível.

Mas, para ajudar a entender um pouco da instabilidade deste mercado, explico algumas das variáveis de uma negociação.

Não é nada, não é nada, talvez assim seja possível entender como um clube que não paga salários há dois meses consegue sonhar com Ronaldinho Gaúcho...

Compra dos direitos econômicos e federativos _ é a ação simples da compra do antigo passe. O clube X oferece tanto ao clube Y e leva o prende o atleta por até cinco anos.Caso da venda de Elias para o Atlético de Madri.

Compra de parte dos direitos econômicos _ o clube X oferece tanto ao clube Y por um percentual dos direitos econômicos. Leva os direitos federativos, mas para negociar o atleta precisa do aval do clube Y. Situação de Aírton, que o Flamengo dividia com o Nova Iguaçu.

Empréstimo dos direitos federativos _ o clube Y não quer se desfazer do atleta e empresta, de graça ou por um valor acessível, os direitos federativos dele ao clube X, que ao final do acordo tem de devolvê-lo. Rafael Carioca chegou assim ao Vasco, cedido pelo Spartak Moscou.

Negociação com atletas em fim de contrato _ é a maneira mais utilizada pelo São Paulo. Seus dirigentes mapeiam atletas em último ano de contrato e, seis meses antes do término, assina um pré-contrato com o jogador, adiantando luvas do novo contrato.

Compra com dinheiro de parceiros _ agentes pagam ao clube X pelos direitos econômicos do atleta, e os revendem à perder de vista ao Y. O mecenas recupera o valor investido e fica à espera do lucro. Carlos Leite, Reinaldo Pitta e Leo Rabello trabalham assim.

Compra com dinheiro de investidores _ a diferença é que o dinheiro utilizado na aquisição dos direitos econômicos vem de um montante arrecadado no mercado financeiro. Os fundos Traffic, Sonda e BMG trabalham assim. Botafogo comprou Maicosuel com este expediente.

Compra com auxílio do patrocinador _ a empresa X investe na compra dos direitos econômicos e no pagamento total ou parcial dos salários e o emprega o atleta no clube Y em troca de espaços publicitários e exploração da imagem do astro. Foi o que o Flamengo fez com Romário e Adriano, e que o Palmeiras deseja fazer com Ronaldinho Gaúcho.

Enfim, é claro que existem outras formas e modelos de negociações de atletas de futebol.

Mas creio serem estas as práticas mais adotadas por clubes, agentes e investidores.

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