O magistral Waldir Peres
José Renato Santiago
Nascido
em 2 de janeiro de 1951, na cidade paulista de Garça, distante pouco
mais de 400 km da capital, Waldir Peres de Arruda começou no futebol em
equipes amadoras próximas a sua casa. Durante um competição
intermunicipal, chamou a atenção de dirigentes da Ponte Preta de
Campinas, que o contrataram ainda como juvenil.
Muito
seguro e com fama de milagreiro, ao longo de quase três anos se tornou
grande destaque da Macaca, o que atraiu interesse do tricolor paulista, o
São Paulo, inicialmente, para ser reserva de Sérgio Valentim. Mal
sabia, que não demoraria para se tornar titular da equipe, pouco depois
de fazer sua estreia, em 3 de novembro de 1973, em um empate sem gols
frente ao Coritiba em partida válida pelo campeonato brasileiro.
Suas
grandes atuações o levaram para a sua primeira Copa do Mundo, em 1974
na Alemanha, ainda como reserva do goleiro Leão. Com fama de catimbeiro,
Waldir também era conhecido por desestabilizar os atacantes
adversários. Foi assim na final do campeonato paulista de 1975, em 17 de
agosto daquele ano, quando defendeu duas penalidades batidas por
jogadores da Portuguesa, contribuindo de forma decisiva ao título
tricolor. Sua estreia na seleção brasileira, aconteceria naquele mesmo
ano, em 4 de outubro, na vitória por 2 a 0 frente ao Peru, em partida
válida pelas semifinais da Copa América.
Com
a chegada do piauiense Toinho, chegou a revezar a titularidade do gol
são paulino durante algum tempo, mas logo voltaria a ser absoluto. Em 5
de março de 1978, mais um grande momento. Não chegou a defender nenhuma
das cobranças da disputa de pênaltis na partida final do campeonato
brasileiro de 1977 no estádio do Mineirão, mas com muita malandragem,
com direito a ‘aperto nas nadegas’ dos jogadores atleticanos e cusparada
na bola, foi decisivo para que três deles errassem o alvo, na vitória
por 3 a 2 da equipe paulista. É, até hoje, considerado um dos herois da
conquista do primeiro título brasileiro do São Paulo.
Presente,
ainda como reserva, em sua segunda Copa do Mundo, em 1978 na Argentina,
Waldir viveu seu grande momento no começo dos anos 1980. Bicampeão
paulista em 1980 e 1981 e vice-campeão brasileiro em 1981, passou a ser
titular da seleção brasileira comandada pelo técnico Tele Santana, nas
eliminatórias para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Em maio de 1981,
durante a vitoriosa excursão brasileira pela Europa, três vitórias,
diante Inglaterra, França e Alemanha Ocidental, assombrou o mundo ao
defender por duas vezes pênaltis batidos pelo alemão Paul Breitner, que
até então jamais tinha desperdiçado uma cobrança de penalidade ao longo
de toda a sua carreira, no triunfo brasileiro por 2 a 1 em Stuttgart.
Sua titularidade na Copa de 1982 foi justíssima, em que pese o fato de
não ter tido boas atuações durante a competição, sobretudo na vitória
por 2 a 1 frente a União Soviética em 14 de junho, quando sofreu o
chamado ‘frango’ depois do chute de longe do atacante Bal. Vestiu a
camisa canarinho em 30 oportunidades em jogos oficiais, com apenas uma
derrota, justamente na partida que eliminou a seleção da Copa do Mundo
de 1982, em 5 de julho, na derrota por 3 a 2 para a Itália.
Deixou
o Morumbi em 1984, após 615 partidas oficiais, o que faz dele o segundo
jogador a mais vezes defender a camisa tricolor, atrás apenas de
Rogério Ceni. Ainda atuou no América do Rio de Janeiro, Guarani,
Corinthians, Portuguesa, Santa Cruz e Ponte Preta, onde encerrou a
carreira em 1989. Após abandonar os gramados, atuou como técnico até
2013.
Waldir Peres saltou para o andar de cima neste último domingo, dia 23 de julho, após sofre um infarto fulminante.
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