LIVES NAS REDES
SOCIAIS: UMA NOVA TENDÊNCIA
GUSTAVO
LOPES PIRES DE SOUZA[1]
RESUMO
Resumo: O
presente trabalho tem por objetivo abordar o fenômeno das “lives” realizadas
por inúmeros artistas nas redes sociais, no período de isolamento social da Covid-19.
O texto apresenta essa onda como uma nova tendência e avalia se ela veio para
ficar ou é apenas circunstancial.
Palavras-Chave: Live
em redes sociais. Artistas. Quarentena. Isolamento Social. Covid-19. Coronavirus. Tendência?.
Abstract:
Keywords: Live on social networks. Artists. Quarantine. Social isolation.
Covid-19. Coronavirus. Trend.
I. INTRODUÇÃO
A
utilização de redes sociais é fundamental no marketing digital moderno. Diante
disso, o presente trabalho analisa o grande fenômeno das lives (transmissões ao
vivo) realizados por artistas nas redes sociais.
Como bem
destacam Sampaio/Tavares (2012):
“O avanço tecnológico é um dos assuntos que mais se inova nos
últimos anos, e junto com essa era tecnológica, surgem novas maneiras de
comunicação entre a sociedade. Devido aos crescentes números de adeptos à
internet, nunca se falou tanto em redes sociais como na atualidade, sendo a
mesma, uma ferramenta que permite maior comunicação entre pessoas de toda parte
do mundo, de forma simples e rápida.”
Dentro do
contexto acima, imperioso registrar a definição de “lives” em mídias sociais.
Las Casas (2014, p. 42) define redes sociais
como “um grupo de pessoas, de organização ou de outros relacionamentos
conectados por um conjunto de relações sociais, como amizades, trabalho em
conjunto ou uma simples troca de informações”.
No
capítulo seguinte é feita uma análise do moderno e acachapante fenômeno das
lives durante a quarentena em razão da pandemia provocada pelo Corona vírus (Covid-19).
Na
sequência demonstra-se a capacidade de faturamento dos shows ao vivo realizados
feito nas redes sociais.
Finalmente,
é realizada uma análise sobre a sazonalidade ou permanência das lives após o
fim do isolamento social provocado pela pandemia.
II. LIVES NAS REDES SOCIAIS
A internet é capaz de ligar as pessoas aos
seus ídolos e às empresas de forma global e sem fronteiras. Finkelstein
(2011, p. 19) define internet como “um conjunto de incontáveis redes de
computadores que servem a milhões de pessoas em todo o mundo. [...]. Ela parece
ter se consolidado com uma estrutura básica mundial que assegura a veiculação
permanente da comunicação”.
O autor ainda mostra o que leva os usuários a
utilizarem essa ferramenta mencionando que é a motivação desde a comunicação
pessoal para sua diversão em sites de relacionamentos ou a realização de seus
negócios compartilhando informações e serviços para seus clientes.
Segundo Cobra (2009)
Vivemos na era chamada por muitos de Revolução da Informação
ou Revolução da Tecnologia, [...] O principal direcionador do crescimento da
economia digital tem sido a internet, A internet está se tornando não apenas um
mercado global, mas 7 também significado de comunicação e distribuição de
informação mais eficiente e com as maiores audiências. (COBRA, 2009, p.
407-408).
“Live” é
uma palavra inglesa que em português significa "ao vivo". Na
rede mundial de computadores, a Internet, a expressão passou a definir as
transmissões ao vivo feitas por meio das redes sociais.
Em regra, as “lives” são feitas de forma simples
e ágil sem limites de tempo de exibição ou de quantidade de espectadores.
Dependendo da rede social, há um espaço
específico criado para a transmissão e os seguidores do perfil recebem
notificações de que ela está acontecendo naquele momento.
Portanto, as “lives” são transmissões ao vivo
de áudio e vídeo pela Internet por meio das redes sociais.
Para fazer uma “live” é necessário que o
usuário opte pela plataforma de transmissão ao vivo que será utilizada.
Dentre as mais utilizadas estão o YouTube, o
Instagram, o Facebook, o Twitter e o TikTok.
De lazer a negócios as lives tem se tornado
cada vez mais um grande negócio para profissionais das mais diversas áreas.
III. O FENÔNEMO DAS LIVES
As grandes crises tiram o ser humano do
conforto e obrigam a sociedade a buscar alternativas. Nesse sentido, essas
crises desempenham um papel fundamental na história da humanidade.
Foi através das guerras, por exemplo, que a
sociedade mundial se transformou no que é hoje, pois a sobrevivência durante as
crises somente viabiliza-se àqueles que se preparam melhor. O forno de
micro-ondas, por exemplo, foi fruto da Guerra Fria, o GPS e os antibióticos, da
Segunda Guerra, dentre outros.
No momento em que o mundo se une para evitar
a circulação e a aglomeração de pessoas, muitas inovações e tendências tem
surgido. Percebeu-se que a internet pode ser mais importante que a gasolina e
que não é necessário estar dentro de um escritório para poder trabalhar com
produtividade.
Os artistas, impedidos de realizar seus shows
diante da aglomeração de pessoas, inovaram e passaram a utilizar as as “lives”.
Essas “lives” nada mais são que um show transmitido ao vivo gratuitamente por
alguma rede social (na maioria das vezes o youtube).
Em meio à pandemia do novo coronavírus,
artistas de todo o mundo e de segmentos diversificados têm se apresentado
digitalmente por meio de lives, contribuindo para a interação social e o
entretenimento durante o período de isolamento. Além dos pocket shows
individuais, estúdios de música têm organizado e incentivado a realização de
festivais virtuais com data e hora marcada.
Nestes shows “ao vivo”, os artistas tem
exibido marcas de patrocinadores, intervalos comerciais e divulgado marcas de
doadores de alimentos e serviço destinados a população carente. Esses shows
ficam gravados na plataforma da rede social e os cantores recebem, ainda,
valores por visibilidade e acesso.
Além disso, as “lives” tem contribuído com o impulsionamento
das músicas nos aplicativos de “streams”. Após a “live” da cantora Marília
Mendonça, por exemplo, o número de “streams” de suas músicas teve um aumento de
111% no “Deezer” e 34 canções de suas canções passaram a figurar no Top 200 do
“Spotify”.
O fenômeno tem sido tão grande que as “lives”
tem incomodado a audiência de tradicionais programas de televisão, como Jornal
Nacional, que perdeu quase 400 mil telespectadores em São Paulo durante o show
da cantora Marília Mendonça que, aliás, teve pico de 3,2 milhões de
visualizações ao mesmo tempo.
Durante as “lives” pulularam nas redes
sociais imagens e vídeos das pessoas assistindo aos shows, publicizando o
sucesso retumbante dos shows “ao vivo”.
Ainda é cedo para dizer se o fenômeno das
“lives” prosseguirá após o fim do isolamento social. De toda forma, uma nova
forma de mídia interativa surgiu e com forte apelo comercial e de público.
IV. FATURANDO COM AS LIVES
É possível faturar com as “lives”. No
YouTube, por exemplo, é possível monetizar os vídeos.
O recurso é parte do Programa de Parcerias do
YouTube e só está disponível para contas com mais de mil pessoas inscritas e
quatro mil horas de exibição nos últimos doze meses.
O dinheiro vem de anúncios nos vídeos, venda
de produtos e visualizações de assinantes.
Outros tipos de lives estão atrelados à publicidade
paga. Perfis de influenciadores digitais ou de famosos, devido ao alcance e ao
engajamento de seus seguidores, têm o potencial para divulgação de marcas.
Redes sociais já contam com opções para os
negócios, como é o caso do Instagram for Business e do Facebook Business,
proporcionando uma autogestão do trabalho virtual e deixando claro para o
seguidor que determinados conteúdos são patrocinados.
O artista não tem divulgado o total recebido
nos shows on-line, no entanto, matérias estimam que cotas de patrocínio cheguem
a R$ 1 milhão. O valor é
utilizado para cobrir os gastos técnicos
que são mais baixos do que de uma apresentação “in loco”. Nesse valor estaria incluído, ainda, o cachê dos cantores. O cantor de pagode Belo, por
exemplo, teria recebido R$ 100 mil pelo seu show virtual.
Além dos patrocínios, os artistas lucram com
likes e visualizações do Youtube. Segundo matérias, Gusttavo Lima teria
faturado cerca de R$ 2 milhões de Reais.
O Youtube, plataforma preferida dos artistas,
pagar R$ 70.000,00 a cada 8 milhões de visualizações.
O sucesso das lives chegou às emissoras de
televisão. A Record teve aumento de 60% em sua audiência com a live de Fernando
e Sorocaba. A Globo transmitiu parte da live do cantor Roberto Carlos e iniciou
o projeto “Em casa” aos sábados à noite. Na estreia, a emissora carioca teve
apresentação de Ivete Sangalo que atingiu 29 pontos no Ibope, audiência
superior ao Jornal Nacional e ao BBB20 que não passaram de 27.
Para o “Em casa”, a Globo contará com
patrocínios de PicPay, Seara, Vivo e Hypeara. Além da tv aberta, o programa
será exibido pelo canal fechado Multishow, pela plataforma Globoplay e pelas
redes sociais da cantora. Vê-se, portanto, o grande crescimento do marketing
digital.
Limeira (2010, p. 10) define marketing
digital como “o conjunto de ações de marketing intermediadas por canais
eletrônicos, como a internet, em que o cliente controla a quantidade e o tipo
de informação recebida”.
Portanto, as lives indicam grande
possibilidade faturamento para profissionais em geral, especialmente para os
artistas.
V. FENÔMENO SAZONAL OU TENDÊNCIA?
As lives pela internet ou pela TV não são
capazes de substituir os números
arrecadados por cada artista em seus shows. Entretanto, trata-se de “produto” que mostrou alta capacidade de faturamento a
baixo custo.
O fato é que as lives foram a maneira encontrada por
artistas para não ficarem todo o período
do isolamento social em função do corona vírus sem faturamento.
As lives vieram para ficar. Mesmo depois da
quarentena. A tendência é
de que os artistas sejam cada vez mais criativos e consigam organizar bons
eventos e manter a audiência em alta, eis que o tipo de conteúdo é capaz de sustentar o modelo de negócio.
Como bem destaca Giglio (2010) a internet tem
mudado o comportamento do consumidor, destacando que a praticidade e a
agilidade são os pontos positivos que levamos clientes online a aderir a essa
nova ferramenta, influenciando diretamente na tomada de decisão de compra. Ele
destaca que “a internet oferece a segurança do encapsulamento e do anonimato,
tendo como enorme vantagem à possibilidade de estar em contato com o mundo
inteiro sem colocar os pés para fora de casa” (GIGLIO, 2010, p.185).
Por seu turno, Lemos (2014), ensina que:
Os consumidores estão vivendo num mundo onde à antiga
assimetria de informações entre vendedores e clientes não existe mais. A
internet resolveu isso de maneira exemplar e radical. Hoje o consumidor pode
encontrar várias opções do que procura, descobrir como funcionam os produtos,
comparar suas características e contar a avaliação de clientes reais e
especialistas (LEMOS, 2014, p.34)
VI. CONCLUSÃO
Ao se analisar o exposto, constatou-se que o
marketing realizado através das redes sociais possui forte influência no poder decisório
de consumo, eis que está inserido no cotidiano da população e que através
dessas plataformas (Youtube, Facebook, Instagram, etc) o consumidor estabelece
comunicação e interação maior com artistas e empresas. Para os artistas
trata-se da forma mais rápida e segura para manter contatos com seu público, as
empresas, por sua vez, podem atuar de forma a alavancar seus negócios por meio
da oferta de produtos e serviços cada vez mais segmentado.
Kotler (2007) destaca que:
Enquanto a Era Industrial caracterizou-se pela produção e pelo
consumo de massa, por lojas abarrotadas de estoque, por anúncios em toda parte
e por grandes descontos, a Era da Informação está nos levando a níveis mais precisos de produção,
comunicações mais direcionadas e determinação de preços amparada por bases de
informação de melhor qualidade (KOTLER, 2007, p. 3).
Dessa forma, mesmo após a pandemia,
ainda que o formato não se mantenha o mesmo, é bastante provável que as “lives”
continuem ocupando importante espaço nas mídias sociais do Brasil.
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[1]
Palestrante; Professor; Consultor e Parecerista; Mestre e Doutorando em Direito
Desportivo pelo INEFC - Institut Nacional d'EducaciónFisica de Catalunya/Universitat de Lleida
(Espanha). Cadeira nº 36 da
Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD). Vice-Presidente do Instituto
Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD). Especialista em Estratégias de
Marketing Digital e MBA em Consultoria Empresarial pela Faculdade Única. Professor
de Direito Desportivo convidado na Universidad de Lleida (Espanha), na
Universidade del Litoral (Argentina), Universidad del Este (Paraguay) e
Université de
Limoges (França). Agraciado em 2016 com a Cruz do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek -
Personalidade Brasileira do Ano - Segurança Pública,
Academia Brasileira de Honrarias ao Mérito
/ Ministérios dos Esportes / Ministério da Justiça. Currículo
Lattes - http://lattes.cnpq.br/8045592544268668
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