Coluna veiculada em 01/03/3013 na Universidade do futebol.
Corinthians e a punição disciplinar da Conmebol
Gustavo Lopes Pires de Souza
Desde a partida entre Corinthians e San José da Bolívia,
em Oruro, quando um jovem de 14 anos faleceu vitimado por um sinalizador
disparado pela torcida do time paulista, o noticiário desportivo tem
conferido atenção especial ao tema. A análise de que deve ser realizada
não é do justo ou injusto, mas do que é previsto no regulamento.
Neste ano, a Conmebol iniciou a "era da disciplina" ao criar um
Código Disciplinar e instituir um Tribunal Disciplinar e quis o destino
que a torcida corintiana que encantou o mundo ao "invadir" o Japão fosse
a protagonista do primeiro grande julgamento do recém-criado tribunal.
O Código Disciplinar responsabiliza os clubes objetivamente pelos
atos de seus torcedores, por esta razão o Corinthians está sujeito às
penalidades da entidade que podem ir de uma simples advertência até a
eliminação da competição.
Com relação à punição cautelar para que o clube dispute suas partidas
sem a presença de torcida, analisando-se a norma aplicável percebe-se
não haver os requisitos para sua concessão, eis que o Código
Disciplinar
prevê a aplicação de pena preventiva quando necessária para elucidação
dos fatos ou quando houver risco de inocuidade da punição pelo
transcurso do tempo.
A questão que já é bastante complicada tornou-se ainda pior quando
seis torcedores do Corinthians ganharam na Justiça Comum o direito de
assistir à partida entre Corinthians e Millionarios, no Pacaembu.
A Fifa abomina qualquer intervenção da Justiça Comum nas questões
disciplinares, o que pode ocasionar punições para a CBF e para o
Corinthians.
Tais medidas seriam necessárias para desestimular o perigoso
precedente de se buscar alteração de decisões disciplinares no Poder
Judiciário. Considerando que a CBF e o Corinthians são filiados à Fifa,
que é uma instituição privada, eventual punição não encontraria
obstáculo legal.
Seguramente, esta história ainda irá desenrolar por bastante tempo e
coloca o novíssimo Tribunal Disciplinar da Conmebol em uma situação
delicada, pois se agir com rigor garantirá autonomia de suas decisões e
valorizará a competição, mas, se decidir sem rigor correrão o risco de
se desmoralizar e perder a credibilidade.
De toda sorte, toda esta discussão colocou o direito desportivo como
um dos tópicos mais comentados, o que é importantíssimo para o
desenvolvimento do desporto nacional. Aguardemos os desdobramentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário