domingo, 9 de março de 2014

Gestão de Projetos e Grandes Eventos

A GESTÃO DE PROJETOS E OS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS NO BRASIL

Gustavo Lopes Pires de Souza

Artigo publicado na Direito Desportivo e Esporte: Temas Selecionados. 1ed.Salvador: MNIRA, 2011, v. 2, p. 53-65.
  
Durante os últimos anos vários estudos tem sido realizados acerca do desporto, especialmente como instrumento para a promoção do desenvolvimento e da paz.

Para se ter uma idéia, A FIFA (Federation International Football Association), com sede em Zurich na Suíça, possui mais países filiados do que a própria Organização das Nações Unidas, 205 e 191 respectivamente.

O mercado do esporte movimenta bilhões de dólares. O futebol, por exemplo, movimenta, em média trezentos bilhões de dólares por ano, valor semelhante ao PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina.

Neste cenário existem diversos interesses: torcedores, mídia, publicidade, transportes, hospedagens, materiais esportivos e um grande número de empregos diretos e indiretos.

O esporte, portanto, deixou de ser uma atividade lúdica, secundária e profissionalizou-se. O dirigente, como profissional passou a se dedicar integralmente ao atendimento das necessidades de uma indústria em franca expansão.

Há cada dois anos o Mundo se mobiliza para acompanhar dois grandiosos eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos de Verão. Existem, ainda, os diversos campeonatos mundiais de cada modalidade e especialidade esportiva, bem como eventos periódicos de imensa repercussão na mídia mundial como os campeonatos nacionais e continentais de futebol com destaque para a UEFA Champions League (Europeu de Clubes Futebol) e o “Super Bowl”, nos EUA final do campeonato de futebol americano.

Para a realização destes eventos há a necessidade de se buscar o conhecimento, organização e regulamentação a fim de que o desporto possa acompanhar sua evolução profissional atendendo às necessidades do mercado.

No Direito percebem-se as relações trabalhistas dos jogadores de futebol modificando-se bastante, a ponto de, em alguns casos, o atleta ser mais bem remunerado em direitos de imagem que em salários. Há décadas há os Tribunais de Justiça Desportiva que, com os clubes cada vez mais competitivos, tem assumido papel ainda mais importante no cotidiano do desporto, o que abre um atraente mercado para advogados especializados em Direito Desportivo.

Nos próximos anos, o Brasil organizará os dois eventos de maior visibilidade no Mundo, quais sejam, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

Neste contexto, indispensável a capacitação, o conhecimento e o estudo do direito desportivo garantindo-se, assim, o acompanhamento das mudanças ocorridas nos paradigmas de organização e profissionalização dos eventos esportivos de modo a propiciar o crescimento constante da indústria do desporto com a conseqüente geração de empregos e crescimento econômico de associações, profissionais e países organizadores de grandes eventos.

Como bem ressaltou Tiago Jordão[1]:

É preciso notar que o fenômeno esportivo além de tomar dimensões gigantescas na atual sociedade, foi alterado em sua concepção. O esporte-jogo virou esporte-negócio. A respeito dessa mudança RAMALHO (1998), exemplifica com a edição de 1966 da Copa do Mundo de futebol, realizada na Inglaterra: “A partir da edição de 1966, ou seja, na era da transmissão via satélite, a Copa do Mundo deixou de ser uma disputa internacional de futebol para se tornar um acontecimento eminentemente comercial e político, tendo o futebol, isto é, o esporte, como mero pretexto”. Nos jogos olímpicos, o ideal amadorista, entendido como condição intrínseca à condição de atleta desde a fundação da competição ainda na idade antiga, foi substituído do Olimpismo pelo objetivo direto ou indireto de gerar lucro para os envolvidos (DONNELY apud RUBIO, 2001).

O país se prepara para organizar dois dos maiores eventos do planeta: a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos de Verão 2016. Prepara-se, ainda, para organizar a Copa das Confederações em 2013 e a Copa América em 2015.

O esporte tornou-se um grande negócio capaz de mobilizar multidões e de movimentar bilhões de dólares e como toda empreitada, a capacitação é indispensável para o sucesso e a rentabilidade.

O peso do setor de eventos no Brasil acentuou-se nos últimos anos, cujo papel significativo é comprovado pela 7ª. posição no ranking da ICCA (International Congress and Convention Assiciation) como o país que mais recebe eventos internacionais no mundo.

Neste esteio, o gerenciamento de projetos desponta como propulsor desta demanda, especialmente no que tange ao cumprimentos de todos os encargos e prazos estabelecidos pela FIFA e pelo COI.

Gerencimento de projetos corresponde à aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender às suas demandas, sendo realizado por meio da integração dos processos de iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento, conforme dispõe o Project Management Institute[2] (PMI, 2008).

A aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas para atingir o objetivo do projeto é reallizado por uma pessoa responsável: o gerente do projeto que deve:

-        Identificar as necessidades do projeto;
-        Estabelecer objetivos claros e palpáveis;
-        Atender Às expectativas de todas as partes interessadas;
-        Promover o devido estabelecimento entre qualidade, escopo, tempo e custo.

Esta última atribuição constitui a necessidade de se balancear três fatores conflitantes (tempo, custo e escopo ou qualidade) sendo o fator restante, a consequência do balanceamento. Portanto, se houver tempo, custo e escopo, a consequência será a qualidade do projeto. De outro giro, se houver tempo, custo e qualidade, a consequência será o escopo do projeto.

Dessa maneira, o gerenciamento de projetos inclui o balanceamento das restrições conflitantes do projeto que incluem, dentre outros: escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos e risco.

A relação entre esses fatores faz com que se algum deles mudar, pelo menos um dos outros provavelmente será alterado, no que se denomina Teoria da tripla restrição (Newell, 2002).

Projetos de sucesso são aqueles que entregam o produto ou serviço especificado dentro do escopo, prazo, orçamento e com qualidades e é justamente isto que se espera dos comitês organizadores da Copa do Mundo de 2014 e das Olímpiadas de 2016.

O profissional de gerenciamento de projetos é indispensável para fazer a coisa certa (eficácia) da forma certa (eficiência) buscando a efetividade por meio de um planejamento estratégico,ou seja, por um processo de mobilização para atingir o sucesso mediante um comportamento proativo, considerando o ambiente atual e o futuro objetivando:

-        Produzir todas as etregas planejadas;
-        Completar dentro do cronograma planejado;
-        Executar dentro do orçamento aprovado;
-        Entregar de acordo com todas as especificações funcionais, de performance e de qualidade;
-        Alcançar todas as metas, objetivos e propósitos;
-        Atingir todas as expectativas das partes interessadas.

Destarte, o futebol movimenta bilhões. Ademais, cria milhões de empregos e a sua paixão transforma todos habitantes do planeta em torcedores e potenciais consumidores.

O torcedor é sujeito de direitos e deve tê-los respeitados, sobretudo levando-se em consideração que o futebol deve sua magnitude ao clamor das multidões. Assim, surge a necessidade de adequação dos Clubes aos seus anseios.

Esta adequação traz resultado financeiro e esportivo, como se constata em iniciativas na “Premier League” inglesa, do Barcelona e, no Brasil, do Internacional.

O Torcedor, cada vez mais exigente, irracional e apaixonado, capaz de distorcer a realidade pelo seu Clube, deve ser tratado como protagonista.

Dentre os direitos atinentes ao Torcedor previstos no Estatuto do Torcedor, Lei 10.671/2003, extrai-se alguns imprescindíveis para o interesse pelo esporte.[3]

As competições devem possuir regulamentos transparentes e com critérios técnicos, bem como arbitragem justa e independente.

Os ingressos devem ser vendidos organizadamente, com clareza, garantindo-se celeridade, eficiência e segurança. Ademais, deve ser feita em diversos locais e pela Internet.

Os estádios devem ser acessíveis por transportes de qualidade como metrô, trem urbano e ônibus e devem possuir como infra-estrutura: estacionamento, restaurantes, banheiros. Tudo, com amplo acesso, permitindo entrada sem tumulto, além de assegurar acessibilidade aos deficientes.

O torcedor tem direito de receber informações claras por recepcionistas, ou ouvidorias e acomodar-se em assento confortável de mesmo número do ingresso.

Finalmente, a segurança deve ser garantida no interior dos estádios durante e em todo o seu entorno antes e após as partidas com policiamento ostensivo, punições aos torcedores violentos, monitoramento por câmeras e limitação de acesso aos sem ingresso.

A falta de cuidado com os torcedores teve como conseqüência duas tragédias ocorridas em finais de campeonatos brasileiros. Em 1992, na final entre Flamengo e Botafogo, a grade proteção cedeu e dezenas de torcedores caíram de uma altura de mais de 10 metros, alguns morreram. No ano 2000, em São Januário (também no Rio de Janeiro), na partida entre Vasco das Gama e São Caetano, a superlotação do Estádio culminou com a derrubada do alambrado, mortes e a adiamento da partida.

A essas situações somam-se diversas outras e, ainda, a falta de transparência na administração e gestão dos Clubes e dos eventos esportivos.

Em razão destas peculiaridades, a Lei 8078/1990, denominada “Código de Defesa do Consumidor” se mostrou insuficiente para assegurar os direitos do Torcedor, até mesmo porque a referida norma em interpretação sistêmica com a Lei Pelé, assegurava apenas os direitos  de quem adquirisse ingressos.

Por esta razão, em 2003, foi promulgada a Lei 10.671, o “Estatuto do Torcedor”, com o objetivo de proteger especificamente os consumidores do esporte, ante as suas necessidades específicas, passando a considerar Torcedor todo indivíduo que aprecie ou acompanhe eventos esportivos.

A referida norma foi um verdadeiro marco na história do desporto brasileiro, especialmente do futebol. Os ingressos (bilhetes) e assentos passaram a ser numerados e os torcedores a ter o direito ao seguro por danos sofridos no evento esportivo.

As competições passaram a ser transparentes, instituindo-se um Ouvidor para receber críticas, sugestões e observações acerca da tabela e regulamento das competições.

E, pela primeira vez, desde que o Campeonato Brasileiro de Futebol passou a ser disputado em 1971, a competição de 2003 teve o sistema de “pontos corridos”, onde a equipe que, após os dois turnos, marcasse o maior número de pontos seria declarada campeã.

Apesar dos consideráveis avanços, ainda há muito o que ser implementado a fim de que o torcedor brasileiro seja, de fato, respeitado.

Entretanto, para que os direitos do torcedor sejam realmente respeitados e aplicados, indispensável que o próprio cidadão confira legitimidade à legislação, pleiteando o cumprimento da lei sempre que se sentir lesado.

Assim, ainda há muito o que ser feito, especialmente no que diz respeito à infra-estrutura. Por isso, espera-se que os competidores, os organizadores e o Pode Público valorizem o motivo maior da existência do deporto, ou seja, o torcedor, especialmente neste momento tão especial para o esporte brasileiro, quando, o país sediará os dois maiores eventos esportivos do Mundo: A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

O país será, portanto, durante os próximos sete anos a vitrine do mundo e terá a oportunidade de mostrar ao mundo sua capacidade de organização de grandes eventos.

Tais medidas trarão, além de benefícios ao Torcedor, atratividade e fidelidade ao Evento e seus participantes.

Torcedores bem tratados são sinônimo de Estádios e cofres cheios, pois, independente dos resultados esportivos, a venda de ingressos, de jogos pela TV e de produtos licenciados seriam elevadíssimos.

Percebe-se o resultado do respeito aos direitos do torcedor pelas arrecadações[4] da “Premier League” inglesa, terceira mais rentável do mundo[5] (atrás das norte-americanas: MLB – Beisebol - e NFL - futebol americano).

Os jogos da Liga Inglesa têm ocupação de 91%[6], independente da colocação do clube, e alguns, como o Manchester United tem média de setenta mil torcedores.

Esta fidelidade coloca nove Clubes ingleses entre os vinte e cinco mais ricos do mundo[7], dois entre os dez mais valiosos nas diversas modalidades[8] e três dentre os seis com patrocínios mais valiosos[9].

Ademais, o respeito aos torcedores conduz ao resultado esportivo, como se apreende de exemplos como o Barcelona que é o atual campeão do Espanhol, da Copa e da Supercopa da Espanha, da Uefa Champions League e do Mundial de Clubes; e o Internacional que conquistou a Libertadores da América e o Mundial de Clubes em 2006, a Copa Sulamericana em 2007[10] e, tendo sido, em 2009, vice-campeão Brasileiro e da Copa do Brasil.

Assim, mais do que atender aos direitos da imensa comunidade de torcedores, a atenção aos seus anseios corresponde a um investimento com retorno financeiro, de visibilidade e em títulos.

Assim, para o pleno sucesso das competições que o país irá organizar, é imprescindível a presença de um gerente de projetos eis que estouros de orçamento, atraso na entrega de obras, produtos e/ou serviços correspondem a um projeto mal sucedido. O fato é que a cada dia há menos espaço para amadores na organização desportiva e neste momento o profissional qualificado torna-se uma necessidade.

Imprescindível citar o Dr. Roberto Publiese[11]:


 Diante dessa “revolução” nos negócios do esporte e dos inúmeros interesses envolvidos, especialmente os econômicos de grandes montas, exige-se dos dirigentes a contratação de profissionais, com formação e conhecimento específico de cada área relacionada direta ou indiretamente com a respectiva modalidade esportiva, para execução da gestão das entidades. A Confederação Brasileira de Voleibol – CBV, Confederação Brasileira de Basquetebol – CBB, o São Paulo Futebol Clube, Goiás Esporte Clube, são alguns dos exemplos de gestão profissional de sucesso.

Torna-se fundamental a profissionalização da gestão com a contratação de supervisores ou gerentes para atuação full time, agência de marketing, assessoria jurídica, administradores, assistência médica, assessoria de imprensa/comunicação, treinadores e preparadores, além de nutricionistas, psicólogos, fisiologistas, enfim, todos profissionais com formação científica e especialização em cada matéria, de modo a potencializar o “negócio” esportivo, atingir a excelência administrativa, melhorar o desempenho técnico, até que o alcance dos resultados técnicos desejados seja conseqüência.

Portanto. o esporte profissional tem se tornado, cada vez mais, sinônimo de paixão. Contudo, a cada dia exige-se mais conhecimento e competência para gerir eventos, clubes e empresa nessa área. É nítida a pouca capacitação existente na gestão do mundo esportivo profissional e isso se dá não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A proposta do evento é justamente essa, disseminar conhecimento e conscientizar quanto à necessidade de uma formação profissional de gestor esportivo.

Referências Bibliográficas

AIDAR, Carlos Miguel. Curso de Direito Desportivo, Ed. Ícone, São Paulo:2003.

CASTRO, Luiz R. Martins. A natureza Jurídica do Direito Desportivo, RBDD, n.1. São Paulo: OAB-SP, 2002.

BERMEJO VERA, José. La irrupción de los nuevos fenômenos deportivos em La ley Del deporte de 1990, em El Volumen `` Las Leyes Del deporte de la democracia: Bases para uma ley Del siglo XXI ´´, dirigido por Nicolás de la Plata Caballero, Ed Dykinson S.L., Madrid, págs. 53 y SS., 2002.

BRASIL. Lei n. 9.615, de 24 de março de 1998. In: TÁVOLA, Artur da. Lei Pelé: das proposições à Lei n. 9.615. Brasília: Senado Federal, 1998


FUTEBOL FINANCE, http://www.futebolfinance.com/premier-league-3%c2%ba-maior-facturacao-entre-as-ligas-profissionais, http://www.futebolfinance.com/o-numero-de-espectadores-nos-estadios-%e2%80%93-dezembro-2009, http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2009, http://www.futebolfinance.com/os-10-clubes-mais-valiosos-de-todos-os-desportos, http://www.futebolfinance.com/ranking-de-patrocinios-nas-camisolas-200910


RAMALHO, Márcio. Futebol é bola na rede: diagnóstico e soluções para a crise do futebol. Ed. Relume Dumará, Rio de Janeiro, 1998.

SOUZA, Gustavo Lopes Pires de. “Estatuto do Torcedor: A evolução dos direitos do consumidor do esporte”. Alfstudio. Belo Horizonte: 2010

TERRA, http://www.terra.com.br/esportes/futebol/financeiro/index.htm

VERGARA, Sylvia Constant, Itamar Moreira, (coord).  André Bittencourt Do Valle, Carlos Alberto Pereira Soares, José Finocchio Junior, Lincoln De Souza Firmino Da Silva. Fundamentos do gerenciamento de projetos. Editora FGV. Rio de Janeiro:2010


[1] http://www.iddba.com.br/artigos/Artigo-Tiago-Site.pdf
[2]    Estabelecido em 196 e sediado na Filadélfia (EUA), é uma das principais associações mundiais em gerencialemto de projetos e conta com mais de 420 mil associados e certificados em todo o mundo. O PMI edita o PMBOK (Project Management Body of Knowledge), guia que identifica o conjunto de conhecimentos em gerenciamento reconhecido como boa prática.
[3] SOUZA, Gustavo Lopes Pires de. “Estatuto do Torcedor: A Evolução dos Direitos do Consumidor do Esporte”, Ed. Alfstudio. Belo Horizonte: 2009.

[4] http://www.terra.com.br/esportes/futebol/financeiro/index.htm
[5] http://www.futebolfinance.com/premier-league-3%c2%ba-maior-facturacao-entre-as-ligas-profissionais
[6] http://www.futebolfinance.com/o-numero-de-espectadores-nos-estadios-%e2%80%93-dezembro-2009
[7] http://www.futebolfinance.com/forbes-most-valuable-soccer-teams-2009
[8] http://www.futebolfinance.com/os-10-clubes-mais-valiosos-de-todos-os-desportos
[9] http://www.futebolfinance.com/ranking-de-patrocinios-nas-camisolas-200910
[10] Equivalente à Liga UEFA
[11] http://tjd.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=97&Itemid=146

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